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Ruína

Baal 17

 

Uma jovem viajante a percorrer um caminho. Um livro de ficção científica nas mãos. Um sonho. Uma catástrofe arruinou o País. Os carros, os comboios, os aviões... tudo parou. Os poucos sobreviventes desconhecem qual foi a causa da catástrofe. Apenas se lembram de que antes havia uma crise e também um Presidente da República.

 

“Ruína” é uma alegoria sobre a procura de novas energias num mundo esgotado.

Espectáculo de rua concebido para ser representado em praças e espaços abandonados, estreou em Serpa a 22 de Maio de 2014 na Vila Mariana, sendo a 36ª produção da companhia alentejana Baal17.

 

Ficha artística

Texto, encenação e música : Carlos Santiago I Interpretação : Catarina Inácio, Filipe Seixas, Helena Ávila, Sandra Serra, Susana Nunes e Rui Ramos I Cenografia e figurinos : Bruno Guerra I Desenho de luz : João Sofio e Paulo Troncão I Fotografia : José Ferrolho I Operação técnica : Paulo Troncão I Construção cenário : José Galamba I Costura : Rosário Trincalhetas e Ana Marta Piroleira I Fotomontagem cartaz : Carlos Santiago I Design gráfico : Verónica Guerreiro/BlocoD – Comunicação e Imagem I Direção produção : Sandra Serra I Gestão : Rui Ramos

Sobre "Ruína"

 

Há talvez na presente crise económica que tudo atravessa um aviso para navegantes: a iminência de um mundo em que a mudança de modelo energético deixará de ser uma utopia das sociedades desenvolvidas, para se impor como estado de facto, se calhar catastrófico. Por todo o lado, os sinais da precariedade insinuam-se como um horizonte incontornável, embora as elites planetárias ainda especulem com depósitos de energias fósseis quase inesgotáveis. Esta tensão entre o utópico e o precário, no contexto da crise, é a ideia da qual nasce o processo criativo de “Ruína”.

 

Partindo da mistura de géneros como a ficção científica e o teatro de costumes, o espectáculo concebe-se como o sonho de uma jovem expulsa da cidade que procura nos campos do sul o caminho para algum paraíso perdido. O sul é aqui símbolo de um mundo em muitos sentidos ainda alheio ao voraz processo de industrialização, e, portanto, ligado ao sagrado, ao misterioso e ao irracional. Só que esta jovem traz consigo, na sua viagem da cidade para o campo, uma visão deformada da realidade. Os fantasmas que habitam o seu sonho não são mais do que arquétipos dos seus próprios conflitos.

 

Trata-se assim de construir uma alegoria de marcado carácter onírico a respeito da procura de energias renovadas num mundo virado contra toda a hipótese de mudança, e no qual só parece caber a aceitação da realidade tal e como nos é imposta. Há nisso uma visão tão irónica quanto poética sobre o nosso posicionamento frente à crise e ao drama que nos é dado viver na atualidade, nos quais se conjugam um sentimento quase apocalíptico e desesperado e a dúvida de se nós, como indivíduos e como sociedade, seremos ainda capazes de encontrar novas energias para continuar em frente.

 

Carlos Santiago

 

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